sábado, 28 de fevereiro de 2009

Animação no mercado

Ontem o dia foi animadíssmo. Trouxe-me curiosidades raras, sobretudo porque se juntaram todas num só dia.

-... we have to transport  70 pregnant heifers 550kgs each  from Lisboa to Luanda ...

-  Para Angola Son 200 vacas 140 menos de 1.50m de alto e otras 1.60 . Pesan mais o menos 300 kg  ... Segunda coisa que quero saber e precio por avion de 22 cabras francesas....e 22 ovhelos ...

- ... 15 cavalos para a Terceira ... Sanjoaninas ...  e touradas!

- ... 8.000 pintos do dia para o Sal ...

Todos os dias são diferentes  mas o dia de ontem primou pela orginalidade...

 

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

"Mas solitários somos e passamos "

              

Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.

Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.

Porquê jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Porquê o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver.

                                                                                   Sophia de Mello Breyner Andresen

 

Dias há em que o único consolo é fechar os olhos ao real e olhar só para a beleza das palavras.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Lembranças de uma despedida ...

                   http://teatrobrasil.zip.net/

O Actor

O actor acende a boca. Depois os cabelos.
Finge as suas caras nas poças interiores.
O actor põe e tira a cabeça
de búfalo,
de veado,
de rinoceronte.
Põe flores nos cornos.
Ninguém ama tão desalmadamente
como o actor.
O actor acende os pés e as mãos.
Fala devagar.
Parece que se difunde aos bocados.
Bocado estrela.
Bocado janela para fora.
Outro bocado gruta para dentro.

...

Herberto Helder

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A Economia a Alquimia e as Máscaras

                                

Pergunta oportunamento o Dragão :

"Onde é que foi parar a riqueza que os ricos deste mundo, tão abnegada e filantropicamente, nos últimos cinquenta anos, andaram a criar?

Ou será que os economistas, finalmente, conseguiram: do alambique financeiro, destilaram anti-matéria?..."

Interrogo-me muitas vezes: Que raça é esta a dos economistas-comentadores, que tudo sabem do passado e do presente e que tantas certezas afirmam sobre o futuro ancorados na soberba do "conhecimento científico "? 

Tantos termos técnicos,  plenos de substracto  - em inglês de preferência - que afinal são anti-matéria, como bem diz o Dragão.

Enquanto tudo julgavam saber, uma outra raça, a dos "gestores-alquimistas", trabalhavam como formiguinhas para a queda dos pilares financeiros e ecónomicos do mundo dito civilizado.

Aqui chegados, não aprenderam a lição de realidade. Continuam por aí a comentar, a argumentar, a condenar, a prever, irradiando e distribuindo "sabedoria" aos "pobres".

O idolatrado mercado "fez batota", entrou em espiral para um mundo virtual. Mascarou-se. Os economistas, os governantes, os governados, ocupados noutras guerras nada viram. Por incompetência, amnésia ou cegueira, a miséria expande-se  diariamente.

Mas isto não interessa nada! ... Hoje é Carnaval e o povo vai para a rua, grotescamente vestido, mascarar as mágoas e  "destilar no alambique" as tristezas desta vida.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Suas Excelências os Presidentes da República Portuguesa

Um monárquico  cheio de razão.

"Infelizmente, os senhores presidentes são homens de partido, não exercem função arbitral e são parte conflitante no jogo político. São, amiúde, antigos primeiros-ministros, sobraçaram pastas ministeriais e ocuparam a presidência ou secretaria geral dos partidos. Tiveram responsabilidades, foram odiados, insultados, espezinhados enquanto políticos, pelo que parecem guardar desse tempo - que a todo custo querem fazer esquecer - secreto anseio de ajuste de contas e, até, uma ponta de crueldade pela sorte daqueles que como eles foram responsáveis pelo poder executivo.

...

Ao contrário do que muitos de curta memória repetem à náusea, o primeiro-ministro não é o responsável pela crise. Vão bater à porta dos senhores presidentes, agora tão arrogantes no apontar de falhas, e perguntem-lhes o que fizeram com o tempo em que foram primeiros-ministros !"

Andam por aí à caça da caca privada e pública, numa corrida desenfreada. Tão pródigos que somos no escárnio e mal-dizer! Espreitamos e deliciamo-nos com este país de merda de que gostamos muito. Chafurdamos na lama e enlameamos tudo à volta, no entanto, reverenciamos suas excelências - os puros. Não percebo. Não pode haver intocáveis.  Estamos no mesmo rectângulo. Não se entende uma, uma só,  excepção.

         

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A "criatividade" está à solta na China

                    http://professoraneusa.wordpress.com/2008/12/05/resgate-os-ovos-do-exilio-gastronomico/          

       «Ovos falsos» na origem de novo alerta alimentar na China

Estes ovos não só são fáceis de fabricar e muito semelhantes aos verdadeiros, segundo as fontes do diário, mas uma dezena deles custa entre 10 e 50 centavos de Hong Kong (1 a 5 cêntimos), frente aos 2,5 a 3 dólares (25 a 30 cêntimos) de uma dezena de ovos verdadeiros.

No entanto, em lugar de proteínas contêm produtos químicos como alumina, alginato de sódio (E 401), cloreto cálcico (E 509), benzoato sódico (E 211) e gelatina. A «gema» é colorida com tartrazina (E102), enquanto a casca é feita à base de carbonato de cálcio (E170).

As fórmulas para fazer ovos falsos estão espalhadas em várias páginas de Internet da China, enquanto algumas empresas oferecem aulas para ensinar como elaborá-los.

Diário Digital                        http://dietacerta.wordpress.com/2008/12/20/ovo-de-bandido-a-mocinho/

Inacreditável! A voragem do lucro e a cegueira da ganância   que tudo submete à lei da sobrevivência mais feroz. É o regressso à selva. QUO VADIS mundo cruel ?                    

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Que desassossego se sinto, que desconforto se penso, que inutilidade se quero! Nuvens ...

Azores 016  Azores 008

Nuvens… Hoje tenho consciência do céu, pois há dias em que o não olho mas sinto, vivendo na cidade e não na natureza que a inclui. Nuvens… São elas hoje a principal realidade, e preocupam-me como se o velar do céu fosse um dos grandes perigos do meu destino. Nuvens…

Nuvens… Existo sem que o saiba e morrerei sem que o queira. Sou o intervalo entre o que sou e o que não sou, entre o que sonho e o que a vida fez de mim, a média abstracta e carnal entre coisas que não são nada, sendo eu nada também. Nuvens… Que desassossego se sinto, que desconforto se penso, que inutilidade se quero! Nuvens…

Nuvens… São como eu, uma passagem desfeita entre o céu e a terra, ao sabor de um impulso invisível, trovejando ou não trovejando, alegrando brancas ou escurecendo negras, ficções do intervalo e do descaminho, longe do ruído da terra e sem ter o silêncio do céu. Nuvens… Continuam passando, continuam sempre passando, passarão sempre continuando, num enrolamento descontínuo de meadas baças, num alongamento difuso de falso céu desfeito.

Bernardo Soares - Livro do Desassossego

Desassossegando ...

"   Sem mim, o sol nasce e se apaga; sem mim a chuva cai e o vento geme. Não são por mim as estações, nem o curso dos meses, nem a passagem das horas..."

Bernardo Soares - Livro do Desassossego

Tudo começou quando estava a preencher um cheque. Faltaram-lhe os números e já não foi capaz de assinar.  Depois  partiram as palavras. Ficaram os gestos, a revolta, a dor.

Passaram-se meses e meses, sabia o que o fim estava próximo. Agora partiu também. Cedo! Demasiado cedo!

ADeus Primo!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Cada dia é mais evidente que partimos

    Azores 034   



Cada dia é mais evidente que partimos
Sem nenhum possível regresso no que fomos,
Cada dia as horas se despem mais do alimento:
Não há saudades nem terror que baste.


Sophia de Mello Breyner Andresen

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

ADeus Pai

Revoltava-me quando dizias que querias ir-te embora. Que já era tarde. Que querias ir para  junto da mãe.

Não foi tarde, nem cedo. Foi a tua hora.

Beijinhos. Até ... um dia!

Para ti:

A hora da partida soa quando
Escurecem o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.
A hora da partida soa quando
As árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.

Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.

 Sophia de Mello Breyner Andresen